A
tempestade durava quatro dias. As noites terrivelmente frias não davam descanso
ao herói. As fadas e criaturas mágicas o acompanhavam, curando suas feridas,
incentivando suas batalhas. Sentsan tornara-se um campo de guerra. As flores
não mais desabrochavam, os lagos de águas cristalinas estavam manchados de
sangue e o guerreiro Max, tinha ainda a esperança de resgatar sua amada. Havia
tempos que o Rei de Sentsan determinara que o vencedor teria a mão de sua filha
em casamento. Isso era o costume, como em todos os contos que Max ouvira quando
criança, mas agora, a parte encantada não existia. Ele amava verdadeiramente a
Cecília, e se perdesse esta batalha, estava convencido de que não suportaria
viver vendo-a nos braços de outro homem. Sua luta era contra todos. Seus
motivos, nobres. Cecília declarara sua paixão por ele meses antes da batalha
começar. Max não suportava ver sua expressão triste, desolada, apoiada ao mural
de seus aposentos reais. Partia o coração do rapaz.
O
quinto dia chegou como um furação destruidor. Max lutava contra dragões, bestas
e feras, incansavelmente, porém, contra homens, ele sofria ao desembainhar sua
espada ou recitar suas magias. Max não gostava de matar. Sua natureza
compassiva, seu coração gentil, o impediam de ser alguém impiedoso. Mas era por
Cecília que ele lutava agora e precisava vencer. No campo externo do pátio
inferior da ala leste, ele destruiu todos os obstáculos e tendo como o último,
seu melhor amigo.
Max
ficou terrivelmente abalado diante do jovem que se apresentava a ele. Quando
foi que Alvin se juntara a esta guerra? Dividido entre emoções distintas,
perdeu o foco e não pode se esquivar com rapidez suficiente do golpe que Alvin
desferira contra ele. Sua espada não alcançou o alvo, porque ele ainda não
havia decidido ferir. Gotas de chuva turvaram suas vistas. Ou seriam as
lágrimas? A dor da traição o afetava mais que a ferida aberta em seu peito
jorrando sangue e manchando as poças ao seu redor.
Cecília
assistia a última luta, com as mãozinhas delicadas junto ao seio. Ao ver seu
amado ferido quis lançar-se, mas foi impedida por cinco pequenas fadas
coloridas, que juraram salvar o seu amor. No entanto, as fadas precisavam de
ajuda em seu reino mágico, e como pagamento, Cecília e Max deveriam viver por
dez anos no mundo encantado. A princesa não hesitou. Cortando o dedo com uma
adaga especial, deixou que a gota de sangue flutuasse até o pergaminho da fada.
O pacto estava feito. As fadas voaram apressadas até Max que caído, ferido na
alma e no corpo, não podia defender-se do golpe que Alvin estava para desferir
contra ele. Seria fatal.
Usando
de um encantamento poderoso, as fadas fecharam a ferida de Max, no entanto, sua
força vital havia se perdido em grande quantidade. A espada de Alvin atingiu o
escudo de Max, antes que ele pudesse se levantar. Alguém da plateia atirou uma
pedra e Alvin se esquivou no último segundo. O mundo conspira a favor dos que
amam de todo o seu coração. Max levantou-se, cambaleou e tossiu um pouco de
sangue. Olhou nos olhos de seu amigo com uma muda interrogação. A resposta que
recebeu foi suficiente para tomar uma corajosa decisão. Avançou para o alvo com
suas últimas forças. Já não poderia usar de magia, pois precisaria estar mais
forte. Dependia apenas de seu braço fe sua espada fiel. Uma luta mortal se
travou. Max ainda sentia repugnância em matar, mas Alvin gritou dizendo que
seria o próximo rei. Que ninguém tomaria o ouro que esperava por ele e que
deixaria Max ser o seu cão se desistisse de lutar. A fúria que o assomou foi
indescritível. Se o objetivo de Alvin não era a mão de Cecília, e sim, apenas a
riqueza, o amigo não merecia vencer. Suas dúvidas desapareceram e com um
floreio habilidoso acertou o amigo por baixo do braço, exatamente onde a
armadura oferecia uma brecha, deixando-o desprotegido. Alvin caiu sobre os
joelhos antes de bater de rosto na lama. As pessoas aclamavam o herói da
batalha de Sentsan. Max não se importava com isso, seu prêmio, sua grande
recompensa lhe acenava do alto de uma janela na torre do castelo.
Max
foi capaz de vencer todos os obstáculos a ele impostos. Não sucumbiu diante de
nada, pois dentro dele havia uma poderosa magia, algo que o tornara invencível,
tão antiga quanto o mundo. Uma magia chamada de amor. Mesmo com a promessa de
Cecília de viverem ambos no mundo encantado das fadas, ele não duvidou. Viveria
em qualquer lugar, lutaria contra qualquer tipo de monstro, humano ou não. Com
sua amada, arriscaria a vida com um sorriso nos lábios e morreria honrado por
defendê-la. Sua alma nobre vivia em corpo forte com um coração valente. A
benção da natureza caiu sobre eles, que juntos, desapareceram num passe de
mágica.
(Mais um conto para vocês passarem o tempo)
Autora: Michelli Mortari.
Nossa, viajei na maionese agora!
ResponderExcluirFoi como se estivesse vendo um filme.
Muito bom o conto, parabéns! xD