quarta-feira, 26 de setembro de 2012

OFERTA E DEMANDA









OFERTA E DEMANDA

                O dia de você escolher quem deseja que esteja à frente de sua cidade, tomando as decisões por você está chegando. Também posso ver algo mais se aproximando, espera... Está à porta! Sim! São eles. Os políticos que vêm à sua igreja, seu grupo de oração, sua reunião familiar para pedir seu voto. Eles não estão aqui para pedir o seu perdão pelo dinheiro desviado, pelas promessas não cumpridas, pelo falatório de encher linguiça. Claro que não. Eles começam a aparecer nas igrejas, portando-se como cidadãos exemplares, pais e mães de família, crentes e adoradores de Deus. Só que ninguém os vê antes disso. Eles não praticam a palavra que diz: “Daí de comer a quem tem fome, e de beber a quem tem sede. Ajudai o órfão e a viúva, e o idoso.” Se você chegar a bater na porta de qualquer um deles fora de período eleitoral, provavelmente não receberá resposta e ajuda então, sem comentários.
            No entanto você pode vê-los e tocá-los agora. Está chegando o dia em que poderá julgá-los como os santos que governarão por quatro anos. E todos se comportarão dessa forma após ganharem seu voto, serão como santos, que não vemos, não tocamos. É ou não é uma barbaridade? Uma profanação dos templos, da família, da fé?
            Na verdade amigos, não passa da lei da oferta e demanda. Eles querem muitos votos ( e concordamos que a igreja tem) e vocês precisam de um candidato. Por que não utilizar as igrejas e barganhar pelo voto apelando para a fé, puxando para o lado emocional de cada um? Você concorda com isso? Quem vai à igreja, vai para ouvir as promessas do reino de Deus, ou as falsas promessas de políticos? Você está lá por que não passa o horário eleitoral na sua TV, no seu rádio, ou por que está buscando alguém maior, que possa estender-lhe a mão e lhe ajudar de verdade?
            Saibam que o corpo da igreja não são as paredes, mas as pessoas que nelas estão. Para derrubar um templo, basta atingi-los. São vocês que tem o poder nas mãos agora e dizer se aceitam ou não que tal pessoa faça politicagem na casa de Deus. Penso que, não importa se você é católico, evangélico, protestante, agnóstico. Cada coisa que fique no seu devido lugar. Da minha parte, para quem ainda não tem sua opinião sobre o assunto, adianto que não voto em pessoas que usam da fé, da boa fé, para obter voto. E você? Aceita? Seja qual for sua opinião, o importante é nunca ficar calado. E é por isso que eu FALO MESM0!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A BATALHA DE SENTSAN





           

 A tempestade durava quatro dias. As noites terrivelmente frias não davam descanso ao herói. As fadas e criaturas mágicas o acompanhavam, curando suas feridas, incentivando suas batalhas. Sentsan tornara-se um campo de guerra. As flores não mais desabrochavam, os lagos de águas cristalinas estavam manchados de sangue e o guerreiro Max, tinha ainda a esperança de resgatar sua amada. Havia tempos que o Rei de Sentsan determinara que o vencedor teria a mão de sua filha em casamento. Isso era o costume, como em todos os contos que Max ouvira quando criança, mas agora, a parte encantada não existia. Ele amava verdadeiramente a Cecília, e se perdesse esta batalha, estava convencido de que não suportaria viver vendo-a nos braços de outro homem. Sua luta era contra todos. Seus motivos, nobres. Cecília declarara sua paixão por ele meses antes da batalha começar. Max não suportava ver sua expressão triste, desolada, apoiada ao mural de seus aposentos reais. Partia o coração do rapaz.
            O quinto dia chegou como um furação destruidor. Max lutava contra dragões, bestas e feras, incansavelmente, porém, contra homens, ele sofria ao desembainhar sua espada ou recitar suas magias. Max não gostava de matar. Sua natureza compassiva, seu coração gentil, o impediam de ser alguém impiedoso. Mas era por Cecília que ele lutava agora e precisava vencer. No campo externo do pátio inferior da ala leste, ele destruiu todos os obstáculos e tendo como o último, seu melhor amigo.
            Max ficou terrivelmente abalado diante do jovem que se apresentava a ele. Quando foi que Alvin se juntara a esta guerra? Dividido entre emoções distintas, perdeu o foco e não pode se esquivar com rapidez suficiente do golpe que Alvin desferira contra ele. Sua espada não alcançou o alvo, porque ele ainda não havia decidido ferir. Gotas de chuva turvaram suas vistas. Ou seriam as lágrimas? A dor da traição o afetava mais que a ferida aberta em seu peito jorrando sangue e manchando as poças ao seu redor.
            Cecília assistia a última luta, com as mãozinhas delicadas junto ao seio. Ao ver seu amado ferido quis lançar-se, mas foi impedida por cinco pequenas fadas coloridas, que juraram salvar o seu amor. No entanto, as fadas precisavam de ajuda em seu reino mágico, e como pagamento, Cecília e Max deveriam viver por dez anos no mundo encantado. A princesa não hesitou. Cortando o dedo com uma adaga especial, deixou que a gota de sangue flutuasse até o pergaminho da fada. O pacto estava feito. As fadas voaram apressadas até Max que caído, ferido na alma e no corpo, não podia defender-se do golpe que Alvin estava para desferir contra ele. Seria fatal.
            Usando de um encantamento poderoso, as fadas fecharam a ferida de Max, no entanto, sua força vital havia se perdido em grande quantidade. A espada de Alvin atingiu o escudo de Max, antes que ele pudesse se levantar. Alguém da plateia atirou uma pedra e Alvin se esquivou no último segundo. O mundo conspira a favor dos que amam de todo o seu coração. Max levantou-se, cambaleou e tossiu um pouco de sangue. Olhou nos olhos de seu amigo com uma muda interrogação. A resposta que recebeu foi suficiente para tomar uma corajosa decisão. Avançou para o alvo com suas últimas forças. Já não poderia usar de magia, pois precisaria estar mais forte. Dependia apenas de seu braço fe sua espada fiel. Uma luta mortal se travou. Max ainda sentia repugnância em matar, mas Alvin gritou dizendo que seria o próximo rei. Que ninguém tomaria o ouro que esperava por ele e que deixaria Max ser o seu cão se desistisse de lutar. A fúria que o assomou foi indescritível. Se o objetivo de Alvin não era a mão de Cecília, e sim, apenas a riqueza, o amigo não merecia vencer. Suas dúvidas desapareceram e com um floreio habilidoso acertou o amigo por baixo do braço, exatamente onde a armadura oferecia uma brecha, deixando-o desprotegido. Alvin caiu sobre os joelhos antes de bater de rosto na lama. As pessoas aclamavam o herói da batalha de Sentsan. Max não se importava com isso, seu prêmio, sua grande recompensa lhe acenava do alto de uma janela na torre do castelo.
            Max foi capaz de vencer todos os obstáculos a ele impostos. Não sucumbiu diante de nada, pois dentro dele havia uma poderosa magia, algo que o tornara invencível, tão antiga quanto o mundo. Uma magia chamada de amor. Mesmo com a promessa de Cecília de viverem ambos no mundo encantado das fadas, ele não duvidou. Viveria em qualquer lugar, lutaria contra qualquer tipo de monstro, humano ou não. Com sua amada, arriscaria a vida com um sorriso nos lábios e morreria honrado por defendê-la. Sua alma nobre vivia em corpo forte com um coração valente. A benção da natureza caiu sobre eles, que juntos, desapareceram num passe de mágica. 

 (Mais um conto para vocês passarem o tempo)

Autora: Michelli Mortari.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Central Rondônia






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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Laranja, banana e Marmeladaaaa!!!



Atenção você moreninho, moreninha que esta lendo isso agora! Atenção você loirinha, ruivinha que é hora da promoção! É a feira da eleição.”

            Só tá faltando isso não é? Parece feira! O que o governo pensa que está fazendo? Primeiro, dá o bolsa família, o que vai contra conselhos tão antigos que chegam a ser bíblicos: “Ensine a pescar ao invés de dar o peixe”. Depois inventa de dar a “bolsa racial”... É isso mesmo produçãão???

            Essas cotas universitárias, como são originalmente chamadas, não passam de mais discriminação racial e social. É verdade que nem de longe isso repara todo o sofrimento dos afrodescendentes do passado. Mas a realidade hoje é outra! Isso de distribuir cotas pra quem é negro para entrar na universidade é uma piada de mau gosto. Ou melhor, uma p* sacanagem. É o mesmo que dizer: “pegue aqui uma esmolinha por termos escravizados seus antepassados”. Estão pisando no sangue derramado, na conquista da liberdade lá com a Princesa Isabel! Envergonhando a luta dos negros por seus direitos!

            Ridículo! Mil vezes ridículo! Se virou feira, quero ajuda do governo também, porque não sou branca nem negra... E aí? Eu fico no meio, como é que faz? Se eu me sentir discriminada por ser ‘parda’, posso ganhar algum benefício também? Quem sabe me aposentar aos trinta com salário de senador? É uma pouca vergonha!

            Eu, que não sou negra, se fosse, não aceitaria isso. É preciso entrar quem tem raça! Quem estuda, quem se dedica, QUEM PASSA NO VESTIBULAR! Eu fiz o meu e passei muito bem. Também não tinha grana pra cursinho não! Meu último ano escolar, estudei em uma excelente escola: COMO BOLSISTA! E por essas e outras que defendo que só deve entrar na faculdade quem tem capacidade pra isso. Seja negro (afrodescendente), pardo, ariano. Pobre é pobre e não importa a cor. Se não tem grana pra pagar cursinho, escola particular ou subornar o reitor pode ser até azul, verde ou cor-de-rosa. A cor não faz diferença, nem para melhor, nem para pior. Essa tal: cota é só mais uma forma de dizer que os demais são melhores que os afrodescendentes. Meu avô era negro, não tenho vergonha de dizer. Foi um homem de honra que morreu como militar. Tenho orgulho de ser neta do senhor Oscar Alves. Um negro. Um militar. Um defensor da pátria. Portanto, se alguém estiver pensando que estou criticando essa palhaçada toda porque sou quase branca está muito enganado. Eu defendo o que é certo. Há um princípio constitucional que diz que perante a lei todos somos iguais... Ahhh... É MESMO? Então por que essa discriminação? Por que diferenciar brancos de negros? Se somos todos iguais e a lei é pra todos, o direito/dever de entrar na universidade só mediante concurso de vestibular também deve ser pra todos! Ou então acabe logo com isso e deixa todo mundo entrar. (Será?)

            Meu amigo e colaborador segue essa linha de raciocínio: 

“Ao invés de cortar o mal pela raiz, ou seja, investir maciçamente no ensino básico criam-se cotas. É mais cômodo para o nossos dirigentes, sob o argumento de compensar o passado de absurdos cometidos. E esse compensar, leia-se, através do Ensino Superior e não pela Educação de Base (e de qualidade) como deveria ser. A universidade não deve servir de palanque eleitoreiro, mas sim de produção de ciência.
O governo prima pelo quantitativo em detrimento do qualitativo, querem a todo custo maquiar o abismo em que se encontra ensino público, aumentando-o cada vez mais a partir das suas medidas oportunistas e paliativas que não resolvem a problemática de fato”.
– Leonardo Chaves.

            Não preciso comentar mais nada. A Larissa Medeiros, que me enviou algumas reportagens a respeito do assunto, também discorda da criação dessa cota racial. É sua vez de deixar sua opinião. Comente a matéria e ajude-nos a criar uma verdadeira sociedade livre e democrática, porque essa feira... TÔ FORA!

Michelli Mortari.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O VÔO DA BORBOLETA


Agora, um poquinho de literatura para vocês!


O VÔO DA BORBOLETA


         As cinzas ainda espiralavam das chamas que a brisa fraca soprava do leste. O sol, tão impiedoso quanto o ato que destruiu aquele lugar, baixava no horizonte, como se também estivesse banhado de sangue, igual a terra sob os pés da garota. A única sobrevivente.
         Que poder ela possuía para que tivesse escapado?
         Pequenas lágrimas desciam pelo seu rosto sujo de fuligem, enquanto os olhos observavam o vôo da borboleta. Uma mancha de cores entre as plantas secas que rodeavam a paisagem local.
         Havia três dias que ela nada comia. Bebera água com dificuldade, em um poço artesanal que fora abandonado tempos atrás. Sua roupa rasgada e imunda balançava junto com seus cabelos negros. A sua frente à estrada estava desimpedida e aguardava sua decisão de segui-la. Não havia mais nada para ela ali. Durante estes três dias, procurou incansavelmente por vida entre os escombros. Nada.
         Desejou profundamente ser uma borboleta e ter asas ao invés de sentimentos. Assim, poderia fugir para bem longe daquele lugar e das lembranças que assomavam em sua memória a todo momento.
         Eliza, como se chamava a garota, tenta se aproximar da borboleta, mas esta não estava ali apreciando a seca e a morte, apenas fugia em busca de campos floridos onde pudesse viver. Com passos lentos e desajeitados, Eliza segue o vôo da borboleta sem saber por que faz isso. Quando o sol já estava em seu último ato, ela chega à beira de um abismo. “É fácil, basta imaginar as asas” – sussurra-lhe uma voz que ela imagina ser da borboleta. Se lançar-se dali, poderia partir para uma outra vida, ou para a escuridão eterna.
         Quem ela poderia vingar? Quem ela poderia culpar pelo incêndio devastador que queimara tudo e todos que conhecia? Se um dia houvera um culpado, este estava junto aos outros, morto.
         A borboleta parece entender os pensamentos de Eliza e pousa em seu ombro. Nesta terra, acredita-se que isto signifique sinal de boa sorte. A garota tenta toca-la. Está tão fraca e ferida que não consegue erguer a mão. Tinha vertigens e seus joelhos teimavam em curvar-se. Ela que fora bondosa e valente em toda sua curta vida, podia render-se agora.
         Sem qualquer aviso, ou som, a borboleta bateu suas asas e voou na imensidão escura que se abria a sua frente. Eliza que desejara com toda sua alma ser uma borboleta flutuava agora para um reino distante, onde não havia medo, morte ou dor.



Michelli Mortari. 

Todos os créditos para a autora.